Outra vez abstraída do mundo real, a menina foi até a janela pois havia ouvido o barulho da chuva a cair. Ao abrir a janela, sentiu cheiro de terra molhada e paralisou-se. Não era a primeira vez que o olfato servia de mensageiro do passado. Ela não estava mais ali, e sim num lugar longínquo, voltara a ser criança e corria pelas ruas ora de terra, ora de paralelepípedos, onde as casas têm pôrtas na sala que dão direto pra rua, onde senhorinhas ainda conhecem boa parte dos moradores e onde crianças pedem a benção a todos os mais velhos.
Ali, naquela janela, a menina continuou de olhos fechados, absorta de tudo que havia no mundo exterior. A noite não a amedrontava, só ouvia os grilos cricrilando e as gotas batendo nas folhas das árvores e no chão. Só ela e as lembranças...Mas já era muito tarde e a menina precisava dormir. Mas ela descobrira um portal pro seu passado, pras mais bobas nostalgias: estava na brisa, estava na chuva, estava no cheiro do ar que ela aspirava.
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